
Decidiu soprar um fôlego de vida na atmosfera funesta de guerra. “Dali em diante, todos os dias, precisamente às quatro horas da tarde, Smailovic vestia o traje formal de concerto, pegava o violoncelo e saía de seu apartamento em meio à batalha intensa à sua volta. Colocava um banquinho no meio de uma cratera aberta por uma bomba e tocava peças de concerto. Tocava para as ruas abandonadas, para os caminhões destruídos, para os edifícios em chamas e para o povo aterrorizado que se abrigava nos porões enquanto a cidade era bombardeada e metralhada. Dia após dia, Smailovic repetia essa atitude corajosa e inimaginável em prol da dignidade humana em homenagem a todos os que haviam sido mortos em guerra, à civilização, à compaixão e à paz.
“O cantor de músicas folclóricas, Joan Baez, disse a respeito de Smailovic: ‘Sua música celebrava o milagre da sobrevivência e pranteava a loucura da morte.’ “Certa vez, um repórter da CNN perguntou a Smailovic se não se achava louco por tocar violoncelo enquanto Saraievo era bombardeada. Smailovic respondeu: ‘Você pergunta se eu sou louco por tocar violoncelo? Por que não pergunta se eles é que não são loucos por bombardear Saraievo?’ “Robert Fulghum comentou: ‘Será que esse homem é louco? Talvez. Seu gesto fútil? Sim, na visão convencional, sim, certamente. Mas o que um violoncelista pode fazer? […] Tudo o que sabe fazer. Falar suavemente com seu violoncelo, uma nota de cada vez, assim como o Flautista de Hamelin, chamando os ratos que infestam o espírito humano.”
Fonte: Lição de Adolescentes, Escola sabatina n° 13
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