Charlie Peacock, em seu livro, A New Way of Being Human (Uma Nova Maneira de Ser Humano), partilhou a seguinte história: “Às quatro horas da tarde em 27 de maio de 1992, na cidade de Saraievo, destruída pela guerra, as pessoas famintas por pão formavam fila do lado de fora de uma padaria. Perto dali vivia um músico chamado Vedran Smailovic. Antes de o terror da guerra sufocar a música em Saraievo, Smailovic era o principal violoncelista da ópera. Injuriado e adoecido pela matança causada pela guerra, Smailovic tomou uma decisão naquele dia.
Decidiu soprar um fôlego de vida na atmosfera funesta de guerra. “Dali em diante, todos os dias, precisamente às quatro horas da tarde, Smailovic vestia o traje formal de concerto, pegava o violoncelo e saía de seu apartamento em meio à batalha intensa à sua volta. Colocava um banquinho no meio de uma cratera aberta por uma bomba e tocava peças de concerto. Tocava para as ruas abandonadas, para os caminhões destruídos, para os edifícios em chamas e para o povo aterrorizado que se abrigava nos porões enquanto a cidade era bombardeada e metralhada. Dia após dia, Smailovic repetia essa atitude corajosa e inimaginável em prol da dignidade humana em homenagem a todos os que haviam sido mortos em guerra, à civilização, à compaixão e à paz.
“O cantor de músicas folclóricas, Joan Baez, disse a respeito de Smailovic: ‘Sua música celebrava o milagre da sobrevivência e pranteava a loucura da morte.’ “Certa vez, um repórter da CNN perguntou a Smailovic se não se achava louco por tocar violoncelo enquanto Saraievo era bombardeada. Smailovic respondeu: ‘Você pergunta se eu sou louco por tocar violoncelo? Por que não pergunta se eles é que não são loucos por bombardear Saraievo?’ “Robert Fulghum comentou: ‘Será que esse homem é louco? Talvez. Seu gesto fútil? Sim, na visão convencional, sim, certamente. Mas o que um violoncelista pode fazer? […] Tudo o que sabe fazer. Falar suavemente com seu violoncelo, uma nota de cada vez, assim como o Flautista de Hamelin, chamando os ratos que infestam o espírito humano.”
Fonte: Lição de Adolescentes, Escola sabatina n° 13
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